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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Da Reinvenção (Ausência)

AUSÊNCIA

 "Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."

"Auséncia" de Sophia de Mello Breyner Andresen

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Da Ausência (Vida, ainda assim)

"Discuto esta noite

apenas o pudor de preferir-te
entre as coisas vivas"
Excerto do poema "Quero-te para além das coisas justas", de Joaquim Pessoa

domingo, 22 de maio de 2011

Do Mundo (Sonhos, sempre)

"Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais"
Excerto de A Moça do Sonho de Chico Buarque (ver e ouvir aqui)
 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Da Alegria (Reinvenção)

Dádiva matinal


Um beijo
e estas palavras
ao teu ouvido
na tua boca
possa este peso imposto
ser-te leve

Bruno Wheinhals, "Uma Conversa Passa Pelo Papel e Outros Poemas"


Uma das datas que marcam a minha vida é, desde há três anos, o 13 de Abril.

Para mim, os dias não são mais que isso, a menos que os lembre ou os espere por aquilo que os enche de significado e de valor. Não necessariamente de um passado - muito mais de um futuro, de uma perspectiva, como se fosse um mote de vida.

O princípio da noite de 13 de Abril desse ano - contra todas as expectativas - transformou todos os restantes 13 de Abril que me cabem viver. Lá morou a esperança, construída ao ritmo de renovadas promessas e declarações.

Mais um 13 de Abril passou. Neste, amanheci com a interpelação de "como encarar o dia?" Prevaleça o bom senso: reconheço a saudade mas também uma dolorosa mágoa. E, assim, este 13 de Abril foi um daqueles dias que bem desejei poder omitir na sucessão.

Reflectindo, entretanto, surge também uma reconfortante noção de que, com estas palavras que te dirijo (embora duvidando se as recebes), ponho o meu presente em ordem.

Lembrar-me-ei sempre de ti, com saudades da incomensurável alegria que a nossa relação me trazia (acredito que a ti também) e que, na plenitude desse sentimento, nenhum outro encontrava espaço, como se esse - a primitiva alegria - fosse o que estava destinado a ser.

E talvez um dia até me consiga lembrar só dessa alegria.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Da Vida (Solidão)

“Se acumulan entre nosotros cordilleras de silencio.”

José Ortega y Gasset

Os silêncios não valem mil palavras.
Os silêncios não dizem nada.
 
Mas magoam profundamente. Mas dão azo a mil e uma interpretações.
E, por isso, dizem mais do tantas palavras ou gestos.
 
Hoje, particularmente, gritam o meu abandono.
Reduzem a minha costumeira alegria a um sorriso polido.
Secam as minhas gargalhadas ao tempo que passa, toldam os planos que teimosa e esperançosamente faço para os anos que se seguem (eu acho que os planos se devem fazer em dias de alegria)...
 
O dia não se cumpriu.
Todo o dia te esperei com alegria, com ânsia, com receio... e, por fim, com desilusão.
 
Os nossos silêncios estão a transformar-se em montanhas de solidão.
 
 
 
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