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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Da Partida (receio)

Parto amanhã. Em completo cuidado.

Ansiei pelas férias - mas sinto-te longe. Muitos dias antes de partir te sinto já mais longe.

Recebi uma proposta aliciante que me levaria para longe. Corri a ligar-te no minuto seguinte. No dia. No seguinte. Não falámos. Decidi que tomaria a decisão por mim. Calei-me dois dias. Quiseste falar. Eu matutava a decisão - não posso dizer sozinha, porque a decisão pondera sempre os outros, porque são as pessoas o meu mundo e não o salário a milhares de kms de distância. Mantive-me calada. Decidi. Resolvi a questão. Liguei-te então: parece-me que percebeste. Mas senti-te frio e distante. Ficamos a discutir a realidade angolana, no momento em que eu já não necessitava de a discutir contigo.
Disse-te que pesara muito na decisão o facto de não me querer afastar das pessoas que amo.
Nada disseste. Como se não fosse contigo. E era.

De todos as intenções de que me falaste para o período de férias, acabaste a dizer-me "podias vir até cá, para tomarmos um café. Eu gostava, até porque tens tempo livre...".
Estás cansado, exausto, sem esperança. Eu sei. Mas... é também de mim?

Hoje liguei-te. Falamos. Sobre a importância das férias, sobre a país diferente para onde viajo, sobre o que são as expectativas das férias, sobre aproveita bem, falamos quando voltares..
Liguei-te para que me dissesses estas coisas. Não houve um gosto de ti, nem um vou ter saudades.
Estás cansado, exausto, sem esperança e, mesmo antes de eu partir, já estás longe demais.

E este meu cuidado que temo que não compreendas: não te quero cobrar este afastamento, embora me entristeça profundamente. Sei que tens coisas muito mais importantes ou prioritárias a merecer a tua atenção e empenho. Mas eu ando tão só e triste...

A minha Mãe está doente. Piorou nos últimos dias mas não quer que eu deixe de viajar. A minha Irmã "rende-me" junto dos meus Pais.

Parto amanhã. Em completo cuidado.

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