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sábado, 26 de junho de 2010

Da Intimidade (prece)

"Como eu não sei rezar
Só queria mostar meu olhar meu olhar meu olhar"
excerto da cação Sou Caipira, de Elis Regina

Numa das minhas rotineiras deslocações, a rádio surpreendeu-me com a voz límpida e sentida da Elis Regina nesta fantástica canção Sou Caipira Pira Pora.

A primeira lembrança que tenho das canções de Elis Regina é de uma das primeiras telenovelas transmitidas em Portugal onde muitas vezes se ouvia Fascinação (talvez a minha canção predilecta desta cantora).
 
Mas esta Caipira em particular é (sempre foi) uma espécie de canção-hino que me emociona realmente. Acho que me identifico com a mensagem: todos nós somos obreiros de uma mina nem sempre clara, nem sempre visível, muitas vezes penosa.
E, à custa de tanta dificuldade na mina, tantas vezes nos sentimos fora dela ou aprisionados por ela. E por isso continuamos a rezar pela capacidade de colocar a vida no trem, num curso certo, claro e feliz.
 
Raramento contenho uma lágrima nestes dois versos. De facto, acredito que, por muitas que sejam as palavras, por muito engenhosa que seja sua articulação, há situações em que a palavra não consegue conter a nossa ânsia, a nossa esperança, a nossa emoção.
 
Desde criança que penso que rezar é estar disponível para Deus ler o meu íntimo, saber o que quero - mais que isso: saber o que eu preciso. Hoje, tenho absoluta certeza de que assim é.
 
Sei que tenho um Amigo - e é mesmo assim que me refiro a Deus ou a Cristo: o "meu Amigo" -, que esse Amigo é amor e que sabe melhor de mim do que eu própria.
 
Por isso, quantas vezes Lhe mostro o meu olhar. Enche os meus dias de luz saber que Ele o vê!



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