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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Da Partilha (ternura)

"Só elas são
estrelas penduradas nos meus dedos.
- Ó mãos da minha alma,
flores abertas aos meus segredos."
excerto do poema As Mãos de Eugénio de Andrade
Entre a confusão de uma semana em que, invariavelmente, há mais afazeres que horas; há mais obrigações que devoções; há mais consumições do que prazeres... lá roubei um par de horas, um abençoado par de horas redentoras.

Mesmo no momento em que o corpo expressa o seu cansaço, a mente o seu desencanto, a vontade a sua falta, a alegria o seu esmorecer... Lá furtei este tempo para dar tempo a tudo - não ao resto, mas a tudo!

Um par de horas de Sol - só nessa altura me dei conta que ele cobria tudo, bem esperto..., debaixo de um jacarandá, descortinando uma paisagem singular, em serena alegria. Uma alegria pequenina - é tanto o que nos consome! - mas uma alegria ancorada na esperança do nosso amor.

Os nossos segredos não são nossos. Eu sei. Eu calo e tu calas. Eu sei porque o faço: é tanto já o que nos impede... nomear? É os impedimentos criar, dar-lhe luz e existência... Enquanto não disser, são mais pequenos... Enquanto não disser, tenho esperança que nunca venha a dizer...
E tu? O que calas? Pressinto que uma razão não muito distante o explicará...

Neste par de horas, voltei a ti. A minha mão voltou à tua - não há outro sítio onde esteja melhor.
Sabes? Sinto muito a tua falta em muitas pequenas e grandes coisas.
Mas o que mais falta me faz é a tua mão na minha... Entrelaçando os meus dedos ou escprregando pelo punho da minha camisola.

Saberás tu a ternura com que sempre procuro a tua mão?... Mesmo quando não estás cá?


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