e todo eu me sinto renovado"
de Poema para a Catarina, de Ruy Belo
Que trazes tempo ao meu tempo, mundo ao meu mundo.
Não me tinha esquecido, como poderia?!
Não me tinha esquecido da poesia e da promessa - ou da promessa e da poesia - que fomos partilhando... Não me tinha esquecido, fazias-me falta todos os dias, todos os momentos...
Tantos já o disseram, mas são mesmo essas as palavras: eu não era eu completamente. Por que deixei de ser só eu quando te conheci. Passei a ser mais eu... Contigo e por ti.
Mas, agora que voltas, volto a ser eu, o eu a que me habituei nos últimos onze anos (tinhas notado que percorremos tanto tempo?!...) e que, nos últimos tempos, não conseguia encontrar: não estava no espelho, não se deitava comigo, não me respondia quando me interpelava... Não era solidão, não era desânimo - era vazio, ventoso vazio que sempre me gritava a tua falta.
Volto a ser eu, completa. Eu e tu e, entre nós, por nós, de nós, as nossas palavras: as proferidas, as sentidas, as pressentidas, as sussurradas, as prometidas... De nós. Na poesia deste afecto imenso.
Tenho medo... Não sendo um mas, aqui testemunho o meu medo - não posso perder-te outra vez.
Não, não é "não quero perder-te"; é mesmo não posso.
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